segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Energia em Sistemas confinados - II

No post anterior tratamos de uma analogia com Sistemas confinados, e utilizamos para isto a Família. 

Mas nossa preocupação, em termos de Sistemas, é com a Família ?

Não. Nossa preocupação é com os sistemas confinados que existem na ciência chamada Física. Tomemos como exemplo de sistema físico confinado concreto o átomo tradicional, com prótons, nêutrons e elétrons.

O Átomo, sistema confinado

O átomo é um "local familiar", onde o casal (pai e mãe) compõem o Núcleo Familiar, e os filhos são os elétrons. O Pai pode ser um Próton e a mãe um Nêutron, por exemplo (não vamos entrar em detalhes que possam provocar perguntas que nada tem a ver com as partículas fundamentais).

O Átomo, num determinado momento (a manhã do dia de aula), recebe uma quantidade definida de energia, e um de seus elétrons mais externos (um filho em idade de prestar exame vestibular) tende a se AFASTAR do núcleo familiar. No momento em que a energia é suficiente para isto, este elétron salta para o próximo orbital (o filho chega à cozinha, para tomar o seu café). Mais uma quantidade de energia, e o elétron pode superar o último orbital deste átomo, para poder se combinar a átomos vizinhos ou liberar um fóton de energia, voltando à sua posição fronteiriça do átomo de origem, ou até à sua posição original, no seu orbital convencionado.

Estranho e engraçado que neste Sistema Físico real é mais difícil entender porque um elétron continua no seu lugar energético, sem ser atraído pelo núcleo dominado por cargas positivas. Por que isto não acontece ?

O Quanta

O elétron, em cada átomo, só pode assumir órbitas definidas. Não pode ficar em 1/2 órbita e nem em um 1/3 de órbita. E existe um mínimo de energia possível que o elétron pode assumir. E este mínimo também não é fracionável, impossibilitando que ele "colapse" para o núcleo. Isto se expressa no afastamento mínimo (falamos de Afastamento no post anterior) que o elétron da primeira camada da eletrosfera é obrigado a observar. Para fins de analogia, usemos um campo de futebol. Se o núcleo do átomo for o centro do campo, a eletrosfera só começará nas arquibancadas. O início da arquibancada é o afastamento mínimo observado pelos elétrons, devido à energia mínima que ele tem. Esta quantidade é o menos quanta que um elétron pode conter. 

Como assim um mínimo ? Pense por oposição. Você já foi condicionado a aceitar a velocidade da Luz como a velocidade máxima que um sistema ou partícula fundamental pode atingir. Então aceite que pode existir uma energia mínima, não fracionável, pois assim é o Universo em que vivemos.

Se não existisse um Quanta, as paredes de seu quarto ficariam encolhendo e expandindo aleatoriamente, de acordo com a energia que estivesse transitando pela sua casa. Seus braços ficariam inchando e encolhendo aleatoriamente, as cadeiras, mesas e demais objetos, num espetáculo de terror. O mundo seria impossível de se viver. Objetos não teriam comprimentos definidos. Viveríamos num caos físico.

Conclusão

Osa Sistemas físicos confinados tem uma ordem definida e o Universo se baseia em princípios que possibilitam perceber sua organização.

Energia em Sistemas confinados - I

 Se este é um blog para leigos, vamos encetar o caminho mais fácil para um leigo entender o que é um Sistema confinado e esta misteriosa verdade chamada de Energia. Nossa tese é a de que estes conceitos precisam andar juntos, sem o que o entendimento da lógica da ciência chamada de Física fica fragilizado.

Família

Todo mundo conhece esta verdade chamada Família. De que ela se constitui, qual é o papel dos seus constituintes, o que ela estabelece, e como ela é vista ?

Como um Sistema, estabelecemos um limite físico para o estudo voltado à sua Energia chamado CASA. Mas a nossa mente é uma entidade aprisionada em paradigmas primitivos difíceis de se moldar às verdades realmente científicas. O que queremos dizer com isto ?

Suponhamos que toda a família heterodoxa (Pai, mãe e filhos) está em casa. Mas e se um filho (vamos nos limitar a um só estar saindo, para termos condições fáceis para analisar) sai para a escola ? Como vamos descrever a situação ? Quer dizer que ele DEIXA (SAI) ou ESTENDE o sistema chamado Família para a Escola ? Como vamos resolver esta situação ?

Quando este filho coloca o pé para fora de Casa (deixa o limite do sistema que estabelecemos), ele precisou de um motivo para sair. Ele sai dominado pelas ideias de (i) compromisso (acabar o seu curso), (ii) objetivo (adquirir um título ou certificado), (iii) provar para os pais a sua maturidade e (iv) desafiar a si mesmo (autoafirmação). Estas quatro ideias fazem o papel da Energia, neste caso, os desejos e anseios de uma pessoa de seguir a "roda da vida", a sucessão interminável das gerações. A palavra interminável descreve bem a energia. Mas de onde veio esta Energia conceitual ? Dos pais deste filho, que também seguiram caminho semelhante (excluímos os filhos desmotivados e os preguiçosos, que tem pouca ou nenhuma energia, e que não se prestam à uma discussão justamente sobre energia).

Energia, aqui e até o momento, é um conteúdo em pacote de tamanho definido. Mais especificamente, para um sistema humano, a Energia do ser humano para procurar cumprir o seu desígnio.

Afastamento

Vamos penetrar no sentido profundo ainda do ato do filho deixar o limite de sua Casa, para conseguir ir para a Escola (um outro sistema). Ele precisou dos 4 motivos enumerados, para atingir um estado de energia suficiente para tirá-lo de sua Zona de Conforto. Esta é o limite do Sistema. E o ato de sair para fora dos Limites do seu sistema inicial provocou e é conhecido como AFASTAMENTO (um desapego temporário para possibilitar resultados). Quando um constituinte de um Sistema recebe energia suficiente, ele consegue se afastar do seu Sistema atual.

Então, já podemos interpretar a Energia por uma de suas manifestações:

Afastar, mesmo que um pouco, um constituinte de seu Sistema.

A Zona de conforto deste constituinte é o seu lugar na sua Casa (o sistema) a que vamos chamar de orbital (o seu quarto, por exemplo). Um pouco de energia, como o som do despertador, faz este Filho se dirigir à cozinha, para tomar seu café e ir para a escola.

Mas, existem componentes que estão energizados com um conteúdo um milésimo inferior ao necessário para o afastamento (Limite energético), MESMO AINDA DENTRO DOS LIMITES DE SEU SISTEMA ATUAL. Como vamos encarar esta situação conceitualmente ?

Voltemos a este filho. Antes de sair, como um ser humano, ele precisa tomar o seu café (supondo que estamos falando de um tempo conhecido como manhã de um dia). Durante o café, ele olha para o relógio, e constata que faltam 2 minutos para sair A TEMPO DE CHEGAR A TEMPO DA PRIMEIRA AULA e experimenta a ANSIEDADE. Isto envolve o (iii) provar a sua maturidade, pois a pontualidade é um dos requisitos do homem maduro.

O que representa este sentimento humano de Ansiedade ? Ele representa o que vamos observar em muitos sistemas físicos ...

O potencial ou Potência

Quanto mais próximo do horário de sair estiver este Filho que estamos analisando, maior será o seu potencial. Ele está energizado (ansioso) com a Potência necessária para sair. Aliás, em termos humanos, a ansiedade torna a pessoa dividida. Fisicamente, ela está dentro de casa, mas em sua mente ela já está querendo estar na escola, pois sua Energia está elevada. Guarde bem esta analogia, para compreender as transições de estado quando um componente do sistema recebe energia.

Mas espere um momento ? Estamos dizendo que somente um Componente do Sistema foi energizado ? Quando falamos de Sistemas Confinados, a energia age sobre o seu TODO e não por partes. No caso em estudo estamos fazendo uma analogia, e analogias nem sempre são completas. Mas podemos utilizar um expediente simples. Ao passar no vestibular, este Filho provocou a (a) Felicidade, o (b) Entusiasmo e as (c) Expectativas de seus pais e dos irmãos em relação às novas experiências e ao progresso deste Filho. Desta forma, todo o Sistema Família ficou energizado. O fator (iii), provar a sua maturidade , está agindo como o principal tipo de energia que representa as (c) expectativas do pai do rapaz. Nosso problema de expressar a Energia do Sistema está resolvido. No dia em que a família viu o resultado do vestibular que o filho fez, ela recebeu esta quantidade de energia. Surgiu na Família a motivação para prosseguir, mesmo com as despesas em vista e com o vislumbre do esforço que este filho teria que fazer para concluir o seu curso.

Conclusão Parcial 1

Até aqui compreendemos, por analogia com a família, os Limites e alguns exemplos de expressões da Energia de um Sistema. Aqui a Energia está associada à Ansiedade (como potência) e ao Afastamento (como expressão palpável dos efeitos da Energia).




 

terça-feira, 26 de julho de 2016

O Cinturão de Van Allen

James Alfred Van Allen foi um cientista americano, nascido em 1914, formado em física, e pós-graduado.

Em seu trabalho ele se envolveu com Física Nuclear, geomagnetismo, raios cósmicos e física da ionosfera, entre outros. Durante a segunda guerra esteve envolvido no projeto do Detonador de proximidade para cargas explosivas.

Sua maior contribuição foi a descoberta e o estudo do cinturão que leva o seu nome:

O Cinturão de Van Allen

O cinturão de Van Allen (Van Allen's belt) existe devido à ação do campo magnético da terra e às partículas magnéticas capturadas por ele. A figura abaixo mostra este cinturão:

Cinturão e rota para exposição mínima à radiação

O mesmo campo magnético que protege a terra da radiação que poderia nos destruir impede que a radiação próxima ao planeta se dissipe. As partículas capturadas neste campo não tem energia suficiente para escapar. Não existe um só cinturão, no sentido físico, mas dois. entre 600 e 3700 milhas temos essencialmente os prótons energizados. Entre 9300 e 12400 milhas temos prótons e elétrons.

O cinturão e o programa Apollo da NASA

Uma vez descoberto, aventou-se a hipótese de que ele seria um empecilho ao envio de naves tripuladas ao espaço. Por este motivo, foram feitos envios de sondas para medição da radiação e o estabelecimento das curvas de densidade, além da determinação das altitudes e extensão das camadas, além da determinação da natureza eletromagnética de cada uma delas.

Van Allen chegou a sugerir, em 1962, a detonação de um artefato nuclear na camada mais central do cinturão, de forma a dar às partículas energia suficiente para se libertarem do campo magnético terrestre. A ideia não foi acolhida. No entanto, alguns teste terrestres foram feitos a este respeito, no que se denominou operação Dominic

Os estudos culminaram com Van Allen determinando a curva ideal de passagem pelo cinturão, além da velocidade necessária para que a exposição ao campo fosse mínima. A cápsula tripulada também recebeu uma proteção de folha de alumínio com a espessura apropriada para garantir proteção adicional.

Conclusão

Nenhuma barreira física é mortal quando se dimensiona os parâmetros necessários para se lidar com os seus efeitos. Basta estudo, paciência e um pouco de matemática.

__________________________________________________________________
Bibliografia:

domingo, 12 de julho de 2015

Leis Físicas e o seu poder - Bóson de Higgs - CIência e Ilusão

No correr de seu trabalho, o cientista pode experimentar uma falsa sensação de poder.

Gasta-se anos para se vislumbrar a existência de uma Lei Física e formalizá-la em termos de Princípios e de Equações complexas e maravilhosas. Outros tantos anos podem preceder a comprovação destes princípios, como o caso extremo do Bóson de Higgs (de 1964 a 2012). E, no caso deste, ele nem sonhava em ter os bilhões de euros necessários à construção dos detectores das partículas que correriam pelo LHC. Este caso de vislumbre, equacionamento e comprovação é, até hoje, o mais extremo.

Mas mesmo o equacionamento das partículas e subpartículas atômicas, caso atual e mais esperado pela ciência, não tem o significado contido na expressão "uma grande conquista da ciência". Muitos entusiastas enchem a boca para dizer: "isto existe, pois foi comprovado pela ciência" ou "agora dominamos este Princípio Físico". Ambas as afirmações são enganosas.

O método experimental prevê que um Princípio Físico, após identificado, deve ser equacionado para previsão de fenômenos da mesdma espécie, permitindo a sua REPETIÇÃO, já que se conhece as condições em que ele pode ocorrer.

Pois bem, tomemos o caso do LHC, que detectou numerosas subpartículas da matéria, Sim, foi possível observar as mesmas, além do bóson de Higgs. Mas pense bem, mesmo com este conhecimento, com o detector, com as equações de Einstein, Schrodinger e outros, e os gráficos de Feynman, SOMOS INCAPAZES DE CRIAR UM ÁTOMO SEQUER.

Ou seja, identificar um Princípio, formalizá-lo, prever quando e como ele vai acontecer, construir detectores para as coisas que os cientistas vislumbram, nada disto dá ao cientista PODER DE CRIAÇÃO SOBRE O QUE FORMALIZA,

Em suas palestras, em congressos e simpósios, cientistas falam do tema que dominam como se aquilo lhe desse poder sobre a coisa pesquisada. Esta é apenas uma ilusão resultante da obsessividade que estes coientistas precisam alimentar para que nós, os leigos, meros mortais, nos beneficiemos de suas teorias. Nós temos os pés no chão, e eles vivem nas nuvens de falso poder. Se acham Criadores, mas são espectadores como nós.

Vejamos o caso da Lei da Gravidade, segundo a concepção relativística. Para repetir a experiência da Gravidade, teríamos que (1) Criar no espaço (fora da Terra) um corpo sólido com massa significativa o bastante para deformar as linhas do Espaço/Tempo, e (2) colocá-lo em órbita em torno da Terra a uma altura e velocidade suficientes para que este novo corpo execute o movimento orbital sem "cair" na Terra.

Infelizmente, só a etapa de gerar esta enorme massa consumiria recursos trilhionários dos governos europeu e americano.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

A Segunda Lei da Termodinâmica - Entropia

O campo de Termodinâmica é tido como algo inacessível para o raciocínio dos pobres mortais. Esta é uma concepção errônea. Qualquer dona de casa ou diarista entra em contato com conceitos Termodinâmicas em seu dia a dia, quando cozinha, passa a roupa, faz café, etc. Todas as pessoas utilizam agasalhos no frio para se aquecer, e isto é uma forma de contato com as Leis da Termodinâmica.

Vamos abordar os aspectos teóricos da Segunda Lei, sem entrar no mérito dos gráficos ou demonstrações de fórmulas.

Enunciados da Segunda Lei

Para leigos e novatos nesta ciência, esta lei pode ser enunciada nas seguintes formas bem populares:

Na natureza tudo se desgasta;
Em todos os processos existe desperdício;
Todo sistema tende à desorganização ou "a desarrumação é natural";
Todo sistema tende a ficar equilibrado em um nível mais baixo de energia;
O domínio, no sistema econômico, é a pobreza;

Significado sistêmico de Entropia

Um Sistema é tanto mais entrópico quanto maior for o número de microestados que ele apresenta.

O caso da sua mesa

O exemplo mais próximo da realidade das pessoas que trabalham em escritórios ou estudam é a mesa onde exercem sua atividade. A situação inicial desta mesa é a de uma arrumação funcional bem adequada. Então começamos os nossos dias de trabalho.

No primeiro dia, chegam dois comunicados de serviço demandados para você. Você os deixa ao lado do teclado, pega o primeiro e começa a cumprir o que lhe foi demandado. Depois de alguns minutos, o papel onde está descrita a primeira demanda está cheio de anotações, como providências tomadas, pessoas contatadas e telefones para contato, além de datas e horários de reunião. Você passa para a segunda demanda, e mais anotações são feitas.

No segundo dia, o trabalho continua sobre as suas demandas. Chega então um jornal com as notícias do seu plano de saúde. Ele vai para o outro lado do teclado, enquanto o trabalho prossegue.

No terceiro dia, chega um aparelho celular que um colega pediu prá você testar. Para isto é preciso instalar alguns aplicativos, o dicionário de Inglês e um aplicativo de Scanner. Para mexer no celular você baixa o manual do modelo para se certificar de suas características.

Após 2 semanas, demandas vieram, outras foram resolvidas, mas sua mesa está um caos, onde só o dono consegue achar as coisas.

Pois bem, a sua mesa serviu de caso de Sistema para análise desta Segunda Lei. Esta é uma forma do que chamamos de "Entropia Organizacional". Se quisermos voltar ao estado da mesa arrumada, teremos de dispender tempo e energia humana. É preciso separar o que é útil e arquivar, bem como anotar na agenda os nomes e telefones de contato. Não vale pegar todos os registros e anotações acessórias das demandas concluídas e jogar no lixo. Nem a natureza faz tal coisa, aproveitando tudo o que foi transformado.

Esta Entropia é a principal propriedade analisada na Segunda Lei da Termodinâmica.

No caso da análise da sua mesa pelo significado sistêmico de Entropia, onde havia um microestado predominante (superfície de mesa desocupada) em 70 % da superfície, após a bagunça existe uma distribuição maior de microestados: 5% de superfície limpa, 10 % de superfície ocupada por copos (de água, café e chá), 20 % de superfície ocupada por demandas, 20 % ocupados por anotações, 10 % ocupada por cartões de clientes e fornecedores, 10 % ocupados por clipes, elásticos e lápis, 10 % ocupada por celulares e 15 % ocupada por pastas.

A Entropia na prática

Ao fundar uma empresa, e se alocar um espaço físico para seus escritórios, começam a chegar os caminhões com os insumos para ela operar. O caminhão de computadores chega com baixíssima entropia, pois o único microestado observado é "caixote com computador". O mesmo ocorre com o caminhão de mesas. Chegam "caixotes com peças para montagem de mesas". Chega o caminhão de papel A4, também com baixa entropia, pois lá dentro só tem papel.

À medida em que as mesas são armadas nos vários postos de trabalho e colocados os computadores correspondentes sobre algumas delas, vê-se o aumento de microestados possíveis achados quando se aborda a superfície da empresa. Existem salas que vão apresentar 4 mesas, outras 6, outras 10, etc. Isto conjugado ao fato de que existirão mesas com e sem computadores.

Mas o uso do papel é que vai revelar uma expressão do que é um verdadeiro e visível aumento de entropia. O que estava todo organizado emk pacotes de 500 folhas por pacote, vai se espalhar pelos armários, mesas, lixeira, acrescido do aspecto que haverá folhas escritas a mão, impressas em computador, e isto com várias finalidades intrínsecas. As impressas poderão ser relatórios, apresentações, gráficos, listas de demandas, atas, comunicados, etc.

Quanto mais multiuso é um insumo, mais entropia ele expressa.

Entropia na Teoria

Existem 3 enunciados formais para a Segunda Lei da Termodinâmica, algumas vezes erroneamente denominada Lei da Entropia:

Clausius: O calor não pode fluir, de forma espontânea, de um corpo de temperatura menor para um outro de temperatura mais alta. Deste ponto de vista, como a energia térmica só flui do corpo mais quente para o mais frio, a temperatura de equilíbrio entre ambos é mais baixa do que a do corpo mais quente.

Kelvin-Planck: É impossível a construção de uma máquina que, operando em um Ciclo Termodinâmico, converta toda a quantidade de calor em trabalho. Em relação a Clausius, este enunciado não cita a direção do fluxo de energia térmica, mas já deixa claro que uma parte desta energia é, de alguma forma, perdida.

Popular: Não é possível existir um dispositivo que processe energia térmica de tal forma que haja um rendimento de 100 %.

Delimitando Sistemas

Para entender bem onde está a Fonte Quente (maior temperatura), a Fonte Fria (menor temperatura) e como se realiza o Trabalho, é preciso saber delimitar as Fronteiras do Sistema( Este artigo fala de Sistemas Estáticos e Dinâmicos, explicando como saber das suas fronteiras).

Um dos casos polêmicos é o do Universo. O estudo da Física Quântica, da Astronomia e da Física das Partículas já possibilitou obter-se o menor e o maior comprimento possíveis. O menor é um yoctometro: 0,00000000000000000000000000000000001 metros. E o maior é o tamanho estimado do Universo: 930000000000000000000000000 metros (25 zeros). Esta estimativa do tamanho do Universo foi apresentada por Neil Cornish em seu trabalho "Measuring the topology of the Universe".

Se o Universo, para os físicos, tem um tamanho limitado, ele é um Sistema fechado. Ele não possui "pontas soltas", e seu formato é em curva fechada, como a ponta tríplice de uma broca de perfuração arredondada.

As células/corpos como máquinas térmicas

Nossos corpos tem uma temperatura basal de 36º centígrados, resultante da emissão de calor como resultado residual de nossos processos biológicos. Seria errado dizer que nosso calor é gerado pelos nossos processos metabólicos. A finalidade dos mesmos é a quebra de compostos complexos oriundos da alimentação em compostos menores, para formação de outros complexos que são utilizados pelo corpo. O calor produzido é uma consequência, e não objetivo principal de nosso metabolismo.

O corpo

Analisado pelo significado sistêmico de Entropia, nosso corpo tem uma distribuição muito entrópica. Os músculos, vasos linfáticos e vasos sanguíneos estão espalhados pelo tronco, cabeça e membros. Os ossos podem ser encarados como estrutura e a pele como um limite do sistema. A cabeça é um dos subsistemas mais entrópicos, pois contempla o cérebro, músculos, ossos cervicais, olhos, nariz, boca, ouvidos e uma série de cavidades digestivas e respiratórias. O tórax e abdômem também são entrópicos, por conterem órgãos variados.

Os subsistemas menos entrópicos são os membros superiores e inferiores.

A célula

Uma célula, como unidade metabólica básica dos seres vivos, vai servir como ponto de partida para explicar os aspectos termodinâmicos que permeiam a vida e a sua manutenção.

A célula é um sistema, assim a chamaremos também, que produz sua própria energia por m,eio das mitocôndrias. O resultado térmico global é uma temperatura que oscila em torno da média de 36º C sob condições normais de saúde.

Os Unicelulares

O organismo unicelular precisa apenas de nutrientes para gerar a energia necessária para a sua manutenção. Estes nutrientes vão desde os sais minerais até compostos de cadeia carbônica que servem de matéria-prima para as reações complexas que ocorrem dentro da sua célula. O principal tipo de reação envolve a síntese de proteínas do seu metabolismo.

As paredes celulares e o citoesqueleto precisam de recomposição periódica, enzimas precisam ser sintetizadas para que, por sua vez, auxiliem as outras reações do metabolismo deste unicelular. Portanto, o sistema a ser considerado na abordagem deste ser é a vizinhança imediatamente próxima do ser.

E como saber se este metabolismo (processo) é ou não entrópico ?

O segredo é abordar a desfosforilação quando da transformação do ATP em ADP para ativação de enzimas e proteínas de transporte celular (Quinases), e o enovelamento de proteínas. O ATP é a Adenosina Tri-Fosfato e o ADP corresponde à Adenosina Di-Fosfato.

No caso da própria síntese do ATP nas mitocôndrias, processo complexo correspondente à respiração celular, a constatação de que ele é entrópico é feita pela observação da elevação de temperatura da célula e consequente manutenção da temperatura basal do organismo vivo. Cessada a atividade destas mitocôndrias (morte) temos a consequente morte do organismo, pois a sua temperatura cai, impossibilitando as demais reações celulares.

NOTA: As pessoas mais velhas precisam consumir mais bebidas quentes, pois a perda de tecido muscular, responsável pela manutenção do calor corporal, provoca a queda da temperatura basal, e o processo digestivo não se dá com eficiência, provocando as diarréias e outros problemas.

Enovelamento de Proteínas

Quando as proteínas são sintetizadas, elas não são armazenadas na sua forma original de uma fita com a sequência de aminoácidos determinada pelo RNA. Ao fim da síntese, elas precisam ser enoveladas (enroladas) de uma forma a deixar expostos os seus centros ativos, que vão se encaixar nas outras moléculas com as quais vão se combinar.

Este enovelamento é também um processo entrópico, comprovado pelos trabalhos citados na bibliografia.

A célula sob o ponto de vista da Entropia Sistêmica

A célula é um sistema altamente organizado, qualquer um diria, pela precisão com que trabalha e se mantém. A distribuição de seus subsistemas é também muito uniforme. Então como se pode afirmar que ela é entrópica no desempenho de suas funções ?

A resposta é que ela, assim como os empregados que tentam arrumar a sua mesa, mantém esta organização aumentando a entropia das suas vizinhanças. Lembre-se, você mesmo, ser humano, de que precisa se alimentar, e que o metabolismo do seu alimento produz excretas. Seu corpo funciona maravilhosamente bem, mas você despeja produtos metabólicos que precisam ser canalizados para locais seguros, para que o ambiente (nossa vizinhança) não seja contaminada e depois nos contamine.

Nossos resíduos metabólicos precisam ser conduzidos para redes de esgoto, para não contaminar a nossa água de beber e nem nossos alimentos que sejam ingeridos crus.

Processo e Sistema

Ao fim desta explanação, devemos voltar a dois pontos da discussão. Falamos em Sistemas ressaltando que suas fronteiras tem que ser bem definidas. O Sistema é a extensão que engloba as entidades envolvidas, como se fosse uma área "geográfica".

Já os Processos foram abordados, no caso da célula, tendo como exemplo as reações químicas que envolvem proteínas, entre muitos outros componentes.

Portanto, Sistema é uma região, e Processo é um evento químico ou reação química.

É comum ver em discussões sobre a Evolução Darwiniana pessoas citando que "A Evolução é um Sistema aberto". Esta é uma frase totalmente absurda. Se a Evolução for algo, ela deve ser encaixada em PROCESSO. E se ela ocorrer em um lugar, o Universo, ou o planeta Terra, este lugar, com todos os seus componentes, se constitui num Sistema.

Não se deve confundir Sistema com Processo
_______________________________________________________________
Bibliografia:

Bioenergética - Prof. Dr. Wagner de Jesus Pinho e Prof. Msc. Marcelo Castanheira da Silva
Estudos Estruturais e Funcionais das Proteínas - J.L.Souza Lopes/Assuero F.Garcia/Júlio C.P.Damalio
Físico-Química - Peter Atkins
Measuring the topology of the Universe - Neil Cornish
Princípios de Bioquímica - Lehninger